A História do Ventríloquo, Pauline Melville, Companhia das Letras, 1999, capa brochura, 321 páginas, bem conservado, apenas com etiquetas de sebo nas folhas de guarda e com os recortes levemente amarelecidos e com pontos de oxidação.

::: Segundo o ventríloquo, toda história é vingança ou homenagem. E ele provoca: "Faça a sua escolha".

Na Guiana de 1987, um mestiço e uma inglesa se apaixonam. Muito tempo atrás, no mesmo lugar, dois filhos do mesmo pai também se amaram.

Mas a história começa ainda antes de os ingleses descobrirem a Guiana, quando wapixanas e macuxis haviam descoberto a felicidade. Eram bons aqueles tempos em que se contemplava a constelação do Tapir nas clareiras da floresta, em que bastava pendurar a rede ao lado da rede de alguma cunhã para se desfrutar do melhor que a vida pode oferecer. Hoje todo mundo dorme em cama e casa com uma mulher só, com a benção do padre. Quase ninguém se lembra das verdades dos antepassados: o Sol amando a Lua é irmão casando com irmã; dizer o próprio nome é desgraça na certa... Se os filhos daquele branco, o McKinnon, tivessem ouvido suas mães índias em vez do padre Napier, muita coisa ruim não teriam acontecido.

Por sorte o ventríloquo tem boa memória, e se deita na rede para contar a história dessa gente enquanto espera alguma moça jeitosa passar por aí. :::