Da Arte Dentária, Carlos Botazzo, Editora Hucitec, 2000, capa brochura, 317 páginas, muito bem conservado.
::: Michel Foucault poderia ter-se equivocado quando propôs a estrutura discursiva que se encontra em O nascimento da clínica e, acima de tudo, em As palavras e as coisas. Assim, ao invés de ter ocorrido uma mudança no plano do discurso médico entre os séculos XVIII e XIX - uma ruptura na episteme da época - as coisas se teriam passado simplesmente como evolução e acréscimo desde a ciência estabelecida no século XVI.
Se Michel Foucault se tivesse equivocado, este texto não teria surgido. A obra trata de vísceras, as que temos no nosso rosto e que estão imediatamente articuladas aos modos como se vive e se atua em sociedade. Este livro trata, então, da boca humana, desses órgãos bucais interligados à linguagem, ao prazer e à subsistência, e essas esferas compõem o trabalho próprio deles que é, em certo sentido, o consumo do mundo.
A arqueologia foucaultiana aqui apresentada é o solo em que, finalmente, a história da profissão odontológica encontrará ensejo de ver-se radicalmente transformada. :::